
Após o afastamento do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos) pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), o vice-governador Laurez Moreira (PSD) assumiu interinamente o cargo e, como primeiro ato, exonerou 51 integrantes do alto escalão, incluindo todos os secretários de Estado.
As mudanças foram publicadas no Diário Oficial ainda no mesmo dia. Apenas dois nomes deixaram os cargos a pedido: Deocleciano Gomes Filho, da Casa Civil, e Wander Araújo Vieira, da Casa Militar. No mesmo documento, Laurez nomeou os novos secretários, que devem permanecer à frente das pastas durante os 180 dias de afastamento de Barbosa.
A relação entre governador e vice já estava estremecida desde o ano passado. Wanderlei acusa Laurez de conspirar contra ele e de se aliar a adversários políticos. Em vídeo publicado em suas redes sociais, o governador afastado disse que a ruptura ocorreu justamente após o vice se unir a políticos derrotados nas eleições para tentar tirá-lo do cargo.
O desgaste também foi institucional. Em dezembro de 2024, a Assembleia Legislativa aprovou, a pedido de Wanderlei, uma emenda constitucional que impedia Laurez de assumir o governo em ausências de até 15 dias. O argumento apresentado pelo então governador foi de que o estado já possuía sistemas tecnológicos que garantiam a continuidade da gestão mesmo à distância.
O afastamento de Wanderlei e da primeira-dama, Karynne Sotero Campos, foi determinado pelo ministro Mauro Campbell, no âmbito da Operação Fames-19. A investigação aponta suspeitas de desvio de recursos públicos, incluindo verbas de cestas básicas destinadas a famílias em situação de vulnerabilidade durante a pandemia. O esquema, segundo a denúncia, envolvia pagamento de propina em dinheiro ao governador e a outros agentes.
