Familiares do governador Carlos Brandão são acusados de ameaças, perseguição e disseminação de mentira

Daniel Brandão, presidente do TCE, ao lado do tio Carlos Brandão, governador do MA

Familiares do governador Carlos Brandão estão no centro de uma grave denúncia registrada nesta quarta-feira (20) junto à Polícia Federal. Lorena Santos, esposa de Gilbson Cutrim, protocolou boletim de ocorrência (nº 2025.0820.075802.0040.01.0009960) acusando Marcus Brandão, José Henrique Brandão, Orleans Brandão e o governador Carlos Brandão de ameaças e de promoverem a disseminação de falácias contra ela e a família do marido, incluindo a mãe Josenita, o pai César e o irmão Gilderson.

Lorena Cutrim e o pai de Gilbson, César Cutrim relataram ameaças da família Brandão

De acordo com Lorena, os ataques se intensificaram após a circulação de vídeos nas redes sociais em que Marcus Brandão acusa os Cutrim de tentativa de extorsão contra ele e contra o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MA), Daniel Brandão. Ela nega veementemente as acusações e afirma que a versão apresentada é mentirosa, leviana e resultado de uma armação articulada.

Marcus Brandão, irmão do governador Carlos Brandão

Acusação de acordo descumprido

Segundo o boletim, o que de fato ocorreu foi uma proposta de Marcus Brandão para que o nome de Daniel Brandão não fosse citado em possíveis revelações sobre um homicídio. Em contrapartida, a família Cutrim teria recebido promessa de auxílio jurídico, benefícios e proteção, acordo que, segundo Lorena, nunca foi integralmente cumprido.

Boletim de ocorrência feito por Lorena Cutrim na Polícia Federal detalha acusações feitas a família Brandão

Após a quebra do compromisso, a denúncia relata que a família passou a ser alvo de perseguição institucional, política e pessoal, com intimidações realizadas por meio de setores da segurança pública e veículos de imprensa financiados pelo Estado.

Suspeita de envenenamento

Lorena também aponta uma grave acusação: Gilbson Cutrim teria sido envenenado enquanto estava preso em São Luís, o que levou à necessidade de transferência para Brasília. Hoje, ele estaria em local seguro e sob vigilância.

Relações no Tribunal de Contas

Entre 2023 e 2025, Lorena e a sogra, Josenita Cutrim, estiveram diversas vezes no TCE, acompanhadas das duas filhas pequenas de Gilbson, inclusive uma de colo. Foram recebidas pela chefe de gabinete Luciana Prazeres e, em apenas uma ocasião, pelo próprio Daniel Brandão, que teria garantido que o acordo seria cumprido e reconhecido que Gilbson manteve integridade ao não expor seu nome.

Perseguição e tentativas de sufocamento

A denúncia acrescenta que a família Brandão estaria utilizando o aparato governamental, mídia, forças de segurança e estruturas institucionais, para tentar desmoralizar e sufocar os Cutrim. Isso incluiria mandados de busca relacionados a supostos pendrives com material comprometedor contra os Brandão.

Lorena afirma que todo esse material já está sob proteção do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde o caso está em apuração sob relatoria do ministro Humberto Martins.

Histórico de conflitos

Por fim, a denúncia resgata ainda o histórico da família Brandão de não cumprir acordos, citando como exemplo a cidade natal do governador, Colinas, onde são conhecidos por práticas de grilagem de terras e intimidação política.

As acusações levantam dúvidas sobre a veracidade das versões públicas apresentadas até agora e expõem o peso das disputas políticas e familiares que avançam para o campo judicial.

O envolvimento de Daniel Brandão

O nome de Daniel Brandão, atual presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e sobrinho do governador Carlos Brandão, surge no caso da morte do empresário João Bosco Pereira não apenas como testemunha, mas como personagem ativo no episódio.

Segundo revelou o jornalista Jeisael Marx, Daniel, então secretário de Monitoramento das Ações Governamentais, teria participado diretamente das negociações envolvendo a divisão de recursos pagos pela Secretaria de Educação do governo estadual. Foi ele quem, de acordo com depoimento do próprio assassino, ligou para Gilbson César Soares Cutrim Júnior e o convocou a comparecer ao edifício Tech Office, onde estavam João Bosco e o vereador Beto Castro.

No depoimento, Gilbson relatou que Daniel o alertou sobre a situação: “Júnior, é melhor tu te reunir com Beto Castro, pois tem um cara aqui com ele (Bosco) que tá totalmente desequilibrado, falando um monte de besteira e que tu tá correndo perigo. É bom vocês sentarem e resolver isso da melhor maneira.”

Curiosamente, o nome de Daniel Brandão foi substituído por “amigo comum” no registro oficial, em circunstâncias até hoje não esclarecidas. Essa revelação, contudo, afasta Daniel da posição de simples testemunha ocular e o coloca como envolvido diretamente em um esquema de corrupção que, no desfecho, terminou em assassinato.

Relembre o caso


Imagens de Gilbson Cutrim após ter assassinado o empresário João Bosco

Gilbson César Soares Cutrim Júnior foi condenado a 13 anos, 1 mês e 15 dias de prisão, em regime fechado, pela morte de João Bosco Sobrinho Pereira, ocorrida em 19 de agosto de 2022, no edifício Tech Office, localizado na Avenida dos Holandeses, bairro Ponta D’Areia, em São Luís.

Na data do crime, João Bosco, de 46 anos, empresário do ramo alimentício, foi atingido por disparos de arma de fogo dentro do prédio comercial. Segundo a Polícia Militar do Maranhão, testemunhas relataram que a vítima conversava com um homem quando percebeu a aproximação de uma terceira pessoa, identificada como autor dos disparos.

Ainda conforme os relatos, houve uma breve discussão entre João Bosco e o suspeito, que em seguida efetuou três tiros. A vítima chegou a permanecer consciente por alguns minutos, mas não resistiu aos ferimentos e morreu antes da chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

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